sábado, 13 de novembro de 2010

Desconstruindo

Da minha vida apática, rígida e retilínea.


Da imobilidade certa e racional.


Tudo exatamente normal.


Mas burlando os meus anseios, a vida mostra-me desvios.


A encruzilhada faz emergir os meus desejos mais omissos e perversos.


Durante toda uma vida busquei a exatidão, o sensato,


mas golpeando os meus princípios, a vida depara-me com a desconstrução de minha fortaleza real.


Aos poucos deslizo-me em meus sentidos, esvaindo-me em ruas nunca antes percorridas, de natureza atraente e herética, e assim, aos poucos vou-me redesenhando, redefinindo os meus prazeres mais inóspitos.


Aos poucos vou desconstruindo meus sentidos.


Apenas desconstruindo-me.






(Renata Capella)










Nota da autora: Falo das nossas convicções, das nossas ideias concretas e dos nossos conceitos imutáveis sobre determinados assuntos, das opiniões que formamos e da certeza de que elas serão eternamente como são, até que o destino nos mostra situações que nos forçam a repensar sobre coisas que antes estavam imunes a qualquer tipo de reanálise, é a desconstrução do que um dia fora considerado imutável. É a reflexão sobre nós mesmos e do que pensamos e sentimos. Escrito em 22/10/2010)

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